sábado, setembro 19

Um homem, uma calçada, um sofá

Sob o sol

Um sofá rasgado na calçada ao sol
Testemunha o quanto fomos usados.
E quando as palavras já não encontram coragem para se revelarem
O que nos resta é um cão de rua
A esquentar nosso corpo ressecado pela vida.
O rosto impassível diante de minha degradação,
Já não me tortura como antes.
Chego até a sentir prazer
Em ser invisível aos olhos de todos.
Se o homem é árvore e fruto de pulsões
O que dizer de algo estático e impassível.
Ser conduzido pelo desejo
E viver em função da satisfação deste,
É uma dádiva que outrora fazia parte de mim.
Mas agora o prazer migrou para algum lugar distante
E não deixou endereço.

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